7 de abril de 2013

COMPANHIA DE LANIFÍCIOS DA ARRENTELA

 
 

A Fábrica de Lanifícios da Arrentela – fundada em 1855 por Júlio Caldas Aulete e, em 1862, estabelecida como Companhia de Lanifícios da Arrentela – foi uma importante unidade industrial de grandes dimensões e prestigiado fabrico que, durante vários anos, muito contribuiu para promover e dinamizar a região do Seixal. Porém, a Companhia acabaria por entrar em decadência e consequente desactivação, particularmente devido à falta de renovação do núcleo populacional antigo. 

1755. O Terramoto tinha-se feito sentir violentamente no Seixal e a reconstrução da região revelava-se lenta. A povoação era antiga e, até aqui, muito ligada às actividades ribeirinhas (no esteiro do rio Judeu pescava-se em abundância e há, inclusive, notícias da existência de algumas marinhas de sal que pertenciam aos frades Jerónimos de Belém). Também a agricultura desempenhava, até então, um papel importante nas actividades daquela população, sobretudo com o cultivo da vinha. O vinho, algum azeite, produtos hortícolas e frutas e o peixe, claro, proporcionavam um importante comércio com a cidade de Lisboa, através do Tejo.

 É a partir da segunda metade do século XIX que se começa a registar, no Seixal, um significativo desenvolvimento económico e industrial, com a instalação de diversas unidades fabris (têxtil, vidro e cortiça). As condições naturais propícias, sobretudo com a abundância de água, levam para a região a indústria dos lanifícios – primeiro, um lavadoiro de lãs; depois, em 1831, uma fábrica de mantas para o Exército; e, em 1843, reedificada para estamparia de algodão. Mas é com a implementação da Fábrica de Lanifícios da Arrentela, em 1855, que esta indústria ganha projecção quer nacional, quer mesmo internacional. E é também graças à fixação destes trabalhadores que a região, sobretudo a freguesia da Arrentela, se vai consolidando urbanisticamente.

Ainda durante a edificação da Fábrica de Lanifícios da Arrentela foram logo adquiridas diversas máquinas para trabalhar a vapor. Em 1858, a unidade deu início ao fabrico e, logo nesse primeiro ano de trabalho, foram produzidos 10.650 metros de panos pretos, azuis e mesclas. Em 1859, Manuel Egreja entra para administrador da fábrica, dando-lhe novo impulso: nesse ano, foram produzidos 21.475 metros das mesmas fazendas e ainda diversas casimiras de cores. Dois anos depois, a produção quase atinge os 40.000 metros destes vários tecidos, com os produtos a alcançarem tal perfeição e fama que a fábrica envia para exposição industrial no Porto uma série de panos aveludados, casimiras, castorinas e ainda várias amostras de fio de lã das mais variadas cores – chegando mesmo a ser uma das premiadas desta exposição. 

Elevada a Companhia de Lanifícios da Arrentela, a unidade fabril emprega, em média, 160 operários (homens e mulheres) por dia e possui da mais moderna maquinaria da altura – com destaque, por exemplo, para uma máquina a vapor, com a força de 48 cavalos, que trabalhava continuamente e de fabrico nacional (foi, aliás, a primeira máquina deste tipo que se fez em Portugal).